quinta-feira, 12 de junho de 2014

Lavei os olhos

Numa rua fria de um bairro movimentado
Naquela casa repleta de histórias e lembranças
Um jardim de cor exótica e beleza descomunal se pode ver ao longe
Flores de cristal, espinhos sangrentos, um ar de tristeza
Conversas e decisões que roubaram a imagem de um futuro ainda nem projetado
Palavras e desconsolos, lágrimas cor de sangue, feridas que talvez nem o tempo cure
Passa um, passam diversos de curiosos, mas nenhum com capacidade pra entender o que ninguém falaria
Então eu vi, vi e chorei
Aquele semblante desfigurado, amargurado
Chorei... Não pude me conter
E ele me disse: "Lavei os olhos..."
Foi então que pude entender o que se passava ali, o motivo de tão grande solidão vinda daquele lugar
E mais uma vez a alegria deu lugar a um abismo de dores e tristezas
"...Lavei os olhos... Depois de tanto tempo, eu chorei"
"...Lavei os olhos..." E chorou, se entregou, se doou
...Lavou os olhos, e sofreu, se fechou
Mais uma vez no teatro da existência os dramas ganham vida
Detalham os pequenos cantos de um quintal pouco cuidado
Retalham o mais profundo de um coração que bate fora de ritmo
Os planos traçados nem sempre dão certo, os sonhos sonhados nem sempre são concretos
Mas as decisões afirmadas são passos em um terreno sem retorno
Cada erro de trajeto é um abraço morto da neblina da saudade...
Lavou os olhos, e se despediu daquilo que já não fazia parte do seu presente
Enterrou nas terras daquele quintal um passado que o fizera chorar
Lavou os olhos, regando com pesar a semente que daria vida àquele jardim descomunal...






Lavei os olhos, eu precisei
Decisões nem sempre são sempre fáceis
Cada passo que damos é um caminho sem volta
Eu tive de abrir mão





quinta-feira, 29 de maio de 2014

Chuvas do fim de maio

Você não entendeu o que eu queria dizer
Você não acreditou nas palavras simples que eu queria falar
Você me deixou ir... E fui coberta pela chuva fina que caía 
E assim tudo se inundou, foi levado, e esquecido pelas chuvas do fim de maio...
Eu te falei, eu prometi
Jamais iria te dizer um não...
Você me deixou ir e eu sofri, sofri porque não pude escolher
E os sentimentos se confundem, os limites se dissolvem
E numa onda de café de açúcar noites me levam a pensar, soluçar...
Tua imagem na neblina é o mais nítido que te tenho
Imagens de lembranças abafadas pelo toque úmido do meu travesseiro 
Você não me entendeu, não me quis acreditar 
Me lançou no escuro frio das chuvas do fim de maio...
Como uma bonequinha de papel machê fui dissolvida pelas tempestades 
E numa onda de café com açúcar a neblina vem me conversar
Me fazer soluçar, e rever, e pensar sobre essas chuvas do fim de maio...
E rever, e amar essa neblina que me fez te ver
Me molhar, e dançar, deixando as tuas escolhas te levarem ao teu destino 
E rever, e sonhar, escrever infinitas linhas sobre essas chuvas do fim de maio...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Revira-voltas de um passado desenhado em espirais

Foleando as páginas amareladas dessa história que é passado
Tateando inconscientemente e desenhando nas pontas dos dedos o sofrimento unilateral de um amor falido
Viajo chorando para o mundo das lembranças
Onde vezes sufocada sou traída pela minha memória e sua inabilidade de reconstituir com clareza as cenas há muito vividas
Como as pontas de uma bailarina numa música ritmada, calculo vagarosamente os passos a serem dados
As páginas em branco um dia amarelas ficarão e seu conteúdo não pode ser desprezivelmente choroso
Não... Eu não admito...
Uma pausa, por favor
Deixe-me respirar
Essa atmosfera de amores doentios é prejudicial a saúde
Então, sentada numa caverna escura, deixo meus dedos tornarem-se estáticos por um breve momento
Parando aos poucos de vasculhar os espirais infinitos do passado
Deixo-me estar, pensar, acalmar
E quem disse que é todo coração que suporta esse furacão chamado amor?
Alguns tem a inabilidade terrível de nunca se regenerar
Vivendo por toda vida uma única história de amor
Ainda que torta, a fita dessa história vai e volta
O amor é transformado em lembranças multi-saborosa, com pitadas de doçura, e trite gosto amargo
Mas jamais deixada de lado, afinal, o que provocou toda essa revira-volta é significante demais para não ser lembrado infinitamente...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Fácil é dizer...

É fácil dizer-se apaixonado
Infelizmente é fácil descrever com palavras sentimentos tão preciosos 
Difícil é o ato de ser sensível ao ponto de sentir o toque dos sentimentos na alma 
O beijo delicado do amor, assim como o pousar de uma borboleta numa flor 
Sentimentos que vão muito mais longe que palavras e sensações
Decisões diárias que tem a força de se manterem vivas por toda uma vida
Se apaixonar é fácil, mas ter coragem pra fazer e ac
ontecer é o difícil
Comparo a uma dança, ou um jogo, onde as regras se aprende após dar o primeiro passo
Não existe uma cartilha em que você possa encontrar as instruções
É vivendo e aprendendo com as decisões diárias, e cada passo dado é um passo sem volta
Talvez seja mais difícil do que se pensa, mas a sensação é de uma brisa suave que sopra o estômago
Como borboletas carinhosas que beijam-nos a barriga
São sensações delicadas, em meio a um furação chamado paixão
Em meio a solidez chamada amor
É fácil estar apaixonado por um instante, mas fazer desse instante uma vida inteira é o desafio
Vencer as banalidades, superar os conflitos, e sorrir e dançar em meio a chuva
É difícil...
Fácil é dizer-se apaixonado, mas apaixonar-se de fato é que é difícil
Difícil é amar o desafio e fazer dele uma história
Difícil é deixar escapar do acervo de palavras as palavras sinceras
É saber lidar com a sensação estranha de falar e sentir e viver essas palavras
Fácil é dizer-se apaixonado...



Sofia

E então eu ganhei a sabedoria que me faltava 
De olhos azuis e pele clarinha 
Mãozinhas que acariciavam meu rosto 
Respiração leve, como de alguém guardado no colo de mãe
E foi assim, meu sonho, meu tesouro 
O cuidado que veio como um anjo
O amor que cuidava dos meus sonhos 
Leveza de uma criança que nasceu e vive em meu coração 
Foi o início de uma família, a minha família 
Onde a alegria de ser finalmente mãe é você quem vai trazer
Será que dá pra entender?
Já nasceu um amor imenso, amor de mãe 
Amor que já vive ao sonhar com o rostinho de uma princesa 
Pois és minha sabedoria prometida, és o fruto de um sofrimento válido 
Um parto talvez, onde a vida que tive antes já não existe mais 
Alguns sonhos tiveram que morrer
Mas é minha princesa, o meu tesouro
Quem mais almejo e mais sonho 
És sabedoria, és amor, és Sofia 

Te deixei partir...

E então foi assim, desse jeito...
Nossa história começou, no jardim de inverno de uma casa de férias
Parque animado, mãos dadas, dia lindo de ar ensolarado
Assim começou nosso amor, devagar, com a calma de um dia na praia
Um luar iluminado que nos trazia enorme emoção
Eu te tinha nas mãos, teu nome nas batidas do meu coração
Tinha você no meu álbum de fotografias
E então foi assim, nosso começo
Beijos de borboletas, abraços e dias felizes
Mas como toda história de um conto de fadas, havia um começo, mas também um meio
E com pesar digo que houve um fim.
O ponto final inesperado, onde nem mesmo os mais inteligentes escritores de filmes poderiam prever
Houve um fim, um ponto final que me fez chorar
Eu te deixei partir, te vi voar das minhas mãos
Deixei o orgulho me atirar ao chão, e não fui atrás de você
E então, foi assim, desse jeito...
Um história linda, que repartida, somou um zero
Não nos trouxe mais nada, saldo negativo
Porque um dia eu te deixei partir
Te dei o direito da escolha, em respeito ao nosso começo ensolarado
Nosso meio foi de trovões e relâmpagos, chuvas que esfriaram o calor que havia em nós
E por isso, houve um fim
Não enxergamos a brasa que ainda havia, não demos tempo para entender o vento que soprou em nós
Eu te deixei partir, e você se foi pra sempre
E então foi desse jeito, chorando lágrimas de dor
Molhando os papeis dos nossos planos pro futuro
Deixando cair no lixo os sonhos que sonhei contigo
Eu te deixei partir e com você metade de tudo o que um dia sonhamos
E foi assim, eu te deixei partir...

És assim...

És perfeito em suas imperfeições 
O segredo guardado à sete chaves 
Como a brisa tão desejada em dias quentes 
És o amor esperado à beira da janela 

Qualidades,  defeitos, manias 
Tudo é perfeito, em si é perfeito 
Como peças que perfeitamente que encaixam 
Como a chuva que refresca a alma 

És o príncipe do outono 
A primavera doce e leve
És amor, paixão e quero mais 
Lembranças que a toda hora volta, vive, existe 

És perfeito em suas imperfeições
O ouro que envolve a aliança de compromisso 
O beijo inesquecível com cheiro único 
És o amor contato nas páginas do meu livro...

sábado, 22 de março de 2014

As flores retornam

E então todo aquele amor fugiu pela janela aberta dos conflitos
Se pode ver a intensidade esvair-se dos olhos da menina
Dias sofridos, dias de lágrimas... Acabaram por fim
Fácil não foi, mas uma hora deixou de existir
Aquele amor tão imenso acabou desabando, adormecendo talvez
Hoje é apenas lembranças, fotos apagadas da memória do computador
E quem um dia tanto chorou, tanto lutou, acabou ficando com os sonhos que serão pouco a pouco esquecidos
Como devaneios de uma tarde ensolarada que deixa de existir após uma forte tempestade
Os raios de sol voltaram a aquecer as páginas do diário pessoal da guria
As flores voltaram a fazer parte do seu dia a dia...
Flores vermelhas... Ganhada por outras mãos...
E então todo aquele amor virou cinzas, queimou tanto que foi consumido
Não foi como ela queria, não foi como ela sonhou
Mas o fruto de tanto choro foi válido, sabedoria...
A janela foi aberta, e o amor escapou
Mas a primavera sempre volta um dia
E as lágrimas sempre servem para regar o jardim
Então, não se pode desanimar... Por que uma hora ou outra as flores retornam
E aquela janela aberta pode lhe proporcionar uma brisa deliciosa...

quinta-feira, 13 de março de 2014

Dia de chuva

Viajando num ônibus lotado
E os pensamentos apenas nos pingos de chuva que escorrem pela janela
Músicas românticas, olhos marejados
Um dia de chuva
O vento gélido leva as folhas soltas das copas das árvores
Deixando no ar o aspecto de cidade abandonada
Paisagens vazias que não me enchem os olhos
Dia frio, dia solitário
Num ônibus lotado
Numa relação íntima caneta-papel
Choro escondida
Mágoas que voltam à tona
Nesse dia de chuva
Lágrimas que regam o deserto do meu coração
Frio intenso, amargura dolorida
Nesse dia de chuva...

Metamorfose

Eu que ontem fui lagarta, hoje conheço um novo mundo
Meus olhos tão cegos, uma vida tão limitada
Imposta por padrões que não sei quem inventou
Morbidez, fraqueza, tudo sempre tão igual, tudo tão cinza...
Eu achei que havia acabado, me isolei num canto escuro... e doeu...
Acredita em mim, doeu...
Mas o tempo passou e chegou a hora de revelar a mudança
A transformação aconteceu e eu simplesmente me deixei sair
Voei, voei alto, voei longe...
Alcancei lugares lindos, coloridos...
Pousei numa flor vermelha, me deixei entorpecer pelo doce aroma
E valeu a pena...
Expandi meus horizontes, usei as asas que Deus me deu para voar
Ganhei o céu...
E hoje flutuo meliflua acima da dor que tive que passar
Toda mudança exige a renuncia, implica em dor e requer coragem...
Abra os olhos... chegou a hora da metamorfose...
Se permita...

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Foi bem isso

Eu não me arrenpendi...
Ninguém nos viu e eu me senti viva outra vez
Foi como uma história de princesa
Onde o príncipe me despertou com um beijo
Várias pessoas estavam por perto, mas o mundo parecia mudo
Tudo em silêncio...
Apenas o som do teu coração batendo junto ao meu
Já era madrugada, mas o sono não veio
E entre afagos e olhares eu não aguentei
Precisava sentir mais de você
Ninguém nos viu e eu não me arrependo
Foi perfeito e eu me senti viva outra vez
As horas pararam e o sol não surgiu
Eram apenas meus cabelos espalhados pelos seus braços
Beijos leves, quentes e um só pensamento
Eu e você
Eu não me arrependo...

Brincando de se apegar

..E foi brincando de ficar que acabei ficando
Brincadeiras inocentes de alguém que não queria se apaixonar
Foram frases bibas de love love que acabaram por amarrar
Dois corações sem destino
Que do nada se encontraram e brincaram de amar

Entre tapinhas e beijinhos, beliscões e 'Eu te amo'
Noções loucas de apego e carinho
Surgiu assim um novo amor
Foi tipo assim na inocência, no brincar de se apegar
Fui ficando e conhecendo até não conseguir mais largar

Como tempo se notou que já não era mais tão simples
O cupido se aproveitou da brincadeira de amigo colorido
E foi assim despercebido, na brincadeira do ficar
Que acabamos permanecendo e hoje não dá mais pra largar...


domingo, 19 de janeiro de 2014

Talvez, só talvez

Talvez haja alguém por detrás dessa nuvem
Talvez haja um coração a espera do meu
Talvez tudo se encontre novamente
Talvez as coisas sejam melhores a alguns passos a frente
Talvez eu saiba
Talvez eu queira
Talvez, só talvez... eu acerte dessa vez
Talvez de fato haja alguém que espera por mim
Talvez eu nunca tenha estado de fato só
Talvez eu apenas não consiga enxergar
Tavez eu tenha me deixado levar pela agonia desse nó
Talvez eu pudesse gritar
Talvez tudo o que eu precise fazer é abrir os olhos e acreditar
Porque talvez, só talvez...
Eu apenas precise acordar


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Suspiros no ar

Palavras e sorrisos bobos, 'feliz aniversário, minha linda'
Bastou apenas isso, e a alegria bateu forte no peito
Entrelaçada a paixão, todo o resto do mundo fora esquecido
E dessa forma ele me ganhava dia após dia
Seu jeito desajeitado me fazia sorrir
Ele foi ao supermercado e me trouxe um bombom (o meu favorito)
Conhece muito de mim, sabe me agradar
E desse jeito a suspirar, me apaixono cada vez mais
Dizem que o amor é cego, e tenho comprovado a veracidade desse fato
Quando estou ali, na presença dele, eu não vejo mais nada
Suspiros e mais suspiros
Esperas na varanda para um tempinho de conversa com ele
As horas pareciam não passar, o tempo parava
E ele me pedia 'fica mais um pouco.. fica aqui comigo'
Isso me basta, é disso que eu preciso
Pronto, Estou decidida
É isso que eu quero

Estar cada vez mais perto dele e saber exatamente tudo sobre quem é e como é
Palavras doces, doces como aquele bombom
Tenho até hoje aquela embalagem
Escondida nas páginas do diário onde escrevo sobre ele
É muito amor reprimido no papel `
Ás vezes inseguranças, outras vezes dispersão do mundo
Estado de bobalhices que me fazem suspirar
Viajar ao mundo encantado dos meus sonhos
Te quero pra mim, pronto decidi...