terça-feira, 19 de maio de 2015

Coisas de crianças

Papel de cartas, papeis coloridos, letrinhas e corações, coisas de criança
Brincadeiras e implicâncias, vergonha do rosto de criança que acha que sabe o que é amar
Coisas de criança, coisas não notadas, coisas de quem não quer ver o tempo passar
E o tempo passa, e o tic-tac não tem fim, os ponteiros não respeitam as coisas de crianças
E as coisas são imperceptivelmente deixadas para trás, deixadas quando ela percebe que aqueles sonhos eram ilusão, que as promessas eram mentiras, que o tempo passou e as coisas de criança foram jogadas no lixo.
Mesmo em silencio, mesmo sem chão, o tempo passou, o tic-tac soou e as coisas de criança ficaram apenas nas lembranças.
Papeis de cartas coloridos, corações ao redor da folha do caderno, comemorações e telefonemas destinados ao passado.
Acabou e a criança partiu. Acabaram as coisas de criança.
E naquele mesmo local onde se iniciaram as coisas de criança, a criança teve que aprender a ser mulher, precisou crescer e se fortalecer, colocou um batom vermelhão nos lábios, jogou o cabelo meio de lado, calçou um salto e passou pisando firme em frente ao desconhecido.
Começou  a escrever o futuro no dia presente em que as lágrimas de luto rolaram seu rosto.
Fácil não é, afinal toda ruptura é dolorida, porém a força daquela nova imagem trouxe muito mais amor, afinal, acabaram as coisas de criança e uma nova brincadeira séria teve inicio.
Agora não mais coisas de crianças, agora o jogo é concreto, e aquele salto não é de enfeite, é um sinal que de que a criança foi embora e a mulher recém nascida, tem o poder dos seus sonhos e sonha com os sentimentos que foram cativados.

Janelas

Janelas para um novo mundo... mundo, novas percepções, novos projetos
E decisões são tomadas, projetos realizados, novos rumos que nos levam para novos altares
Novas janelas, para novos olhos, olhos que não mais choram, olhos de risos nos cantos oblíquos
Olhos como janelas, janelas que veem novos verdes, novos que se enraizaram, novos que querem ser residentes, novos que além de novos querem ser para sempre
Janelas que ampliam os sonhos, que colorem as flores do jardim
Janelas da imaginação, que deturpam o que não mais novo pode-se chamar
E abrem-se janelas, abrem-se os olhos, sonha-se os novos, entrando pelas janelas abertas
Mundo novo, de novos raios de sol...
Confuso?! Não é. São apenas janelas, onde eu paro, pouso, sonho
Janelas moveis, janelas que me levam, que não me prendem, janelas que são escapes
Janelas que são novas, que não choram, que mostram rugas de sorrisos frequentes.
Janelas, que se abram então, que se fixem então, que me mostrem todo o futuro que me aguarda, tudo que eu posso viver e tocar e sonhar...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

São muitas bocas, e muitas conversas...

Tantas bocas e conversas, desconversas, histórias e devaneios 
São tantos embaraços, tantos rostos
Olhares curiosos que deduzem o que, iludidamente, acham que estão vendo 
São pedras, brigas e confusões, conversas e desconversas 
São cochichos atrás das cortinas, são olhares que buscam sugar toda e qualquer informação 
Tantas bocas, tantos rostos 
Embaraços e novelos de mentira
Metros de fofocas, línguas afiadas que cortam e consomem toda carne que ameaça ser novidade 
E o que eu acho disso? 
A cada boca que se abre, a cada língua sangrenta em busca de uma nova história 
Eu estou mais longe, sigo andando
Porque são tantos rostos, tantas histórias e tantos segredos 
Que desvendá-los seria burrice
São tantas bocas, tantas conversas e desconversas 
Tanta gente tola, que tenta de forma inútil se alimentar das vidas dos circulantes 
São tantos embaraços, gente perdendo o direito de escrever a própria história 
E sabe o motivo?
Porque as conversas e desconversas sobre as outras vidas os atrai 
Os fazem perder seu precioso tempo, olhando curiosamente para o livro fechado de uma pessoa que pouco se importa com os olhares curiosos
São muitas bocas, e muitas conversas...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Lavei os olhos

Numa rua fria de um bairro movimentado
Naquela casa repleta de histórias e lembranças
Um jardim de cor exótica e beleza descomunal se pode ver ao longe
Flores de cristal, espinhos sangrentos, um ar de tristeza
Conversas e decisões que roubaram a imagem de um futuro ainda nem projetado
Palavras e desconsolos, lágrimas cor de sangue, feridas que talvez nem o tempo cure
Passa um, passam diversos de curiosos, mas nenhum com capacidade pra entender o que ninguém falaria
Então eu vi, vi e chorei
Aquele semblante desfigurado, amargurado
Chorei... Não pude me conter
E ele me disse: "Lavei os olhos..."
Foi então que pude entender o que se passava ali, o motivo de tão grande solidão vinda daquele lugar
E mais uma vez a alegria deu lugar a um abismo de dores e tristezas
"...Lavei os olhos... Depois de tanto tempo, eu chorei"
"...Lavei os olhos..." E chorou, se entregou, se doou
...Lavou os olhos, e sofreu, se fechou
Mais uma vez no teatro da existência os dramas ganham vida
Detalham os pequenos cantos de um quintal pouco cuidado
Retalham o mais profundo de um coração que bate fora de ritmo
Os planos traçados nem sempre dão certo, os sonhos sonhados nem sempre são concretos
Mas as decisões afirmadas são passos em um terreno sem retorno
Cada erro de trajeto é um abraço morto da neblina da saudade...
Lavou os olhos, e se despediu daquilo que já não fazia parte do seu presente
Enterrou nas terras daquele quintal um passado que o fizera chorar
Lavou os olhos, regando com pesar a semente que daria vida àquele jardim descomunal...






Lavei os olhos, eu precisei
Decisões nem sempre são sempre fáceis
Cada passo que damos é um caminho sem volta
Eu tive de abrir mão





quinta-feira, 29 de maio de 2014

Chuvas do fim de maio

Você não entendeu o que eu queria dizer
Você não acreditou nas palavras simples que eu queria falar
Você me deixou ir... E fui coberta pela chuva fina que caía 
E assim tudo se inundou, foi levado, e esquecido pelas chuvas do fim de maio...
Eu te falei, eu prometi
Jamais iria te dizer um não...
Você me deixou ir e eu sofri, sofri porque não pude escolher
E os sentimentos se confundem, os limites se dissolvem
E numa onda de café de açúcar noites me levam a pensar, soluçar...
Tua imagem na neblina é o mais nítido que te tenho
Imagens de lembranças abafadas pelo toque úmido do meu travesseiro 
Você não me entendeu, não me quis acreditar 
Me lançou no escuro frio das chuvas do fim de maio...
Como uma bonequinha de papel machê fui dissolvida pelas tempestades 
E numa onda de café com açúcar a neblina vem me conversar
Me fazer soluçar, e rever, e pensar sobre essas chuvas do fim de maio...
E rever, e amar essa neblina que me fez te ver
Me molhar, e dançar, deixando as tuas escolhas te levarem ao teu destino 
E rever, e sonhar, escrever infinitas linhas sobre essas chuvas do fim de maio...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Revira-voltas de um passado desenhado em espirais

Foleando as páginas amareladas dessa história que é passado
Tateando inconscientemente e desenhando nas pontas dos dedos o sofrimento unilateral de um amor falido
Viajo chorando para o mundo das lembranças
Onde vezes sufocada sou traída pela minha memória e sua inabilidade de reconstituir com clareza as cenas há muito vividas
Como as pontas de uma bailarina numa música ritmada, calculo vagarosamente os passos a serem dados
As páginas em branco um dia amarelas ficarão e seu conteúdo não pode ser desprezivelmente choroso
Não... Eu não admito...
Uma pausa, por favor
Deixe-me respirar
Essa atmosfera de amores doentios é prejudicial a saúde
Então, sentada numa caverna escura, deixo meus dedos tornarem-se estáticos por um breve momento
Parando aos poucos de vasculhar os espirais infinitos do passado
Deixo-me estar, pensar, acalmar
E quem disse que é todo coração que suporta esse furacão chamado amor?
Alguns tem a inabilidade terrível de nunca se regenerar
Vivendo por toda vida uma única história de amor
Ainda que torta, a fita dessa história vai e volta
O amor é transformado em lembranças multi-saborosa, com pitadas de doçura, e trite gosto amargo
Mas jamais deixada de lado, afinal, o que provocou toda essa revira-volta é significante demais para não ser lembrado infinitamente...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Fácil é dizer...

É fácil dizer-se apaixonado
Infelizmente é fácil descrever com palavras sentimentos tão preciosos 
Difícil é o ato de ser sensível ao ponto de sentir o toque dos sentimentos na alma 
O beijo delicado do amor, assim como o pousar de uma borboleta numa flor 
Sentimentos que vão muito mais longe que palavras e sensações
Decisões diárias que tem a força de se manterem vivas por toda uma vida
Se apaixonar é fácil, mas ter coragem pra fazer e ac
ontecer é o difícil
Comparo a uma dança, ou um jogo, onde as regras se aprende após dar o primeiro passo
Não existe uma cartilha em que você possa encontrar as instruções
É vivendo e aprendendo com as decisões diárias, e cada passo dado é um passo sem volta
Talvez seja mais difícil do que se pensa, mas a sensação é de uma brisa suave que sopra o estômago
Como borboletas carinhosas que beijam-nos a barriga
São sensações delicadas, em meio a um furação chamado paixão
Em meio a solidez chamada amor
É fácil estar apaixonado por um instante, mas fazer desse instante uma vida inteira é o desafio
Vencer as banalidades, superar os conflitos, e sorrir e dançar em meio a chuva
É difícil...
Fácil é dizer-se apaixonado, mas apaixonar-se de fato é que é difícil
Difícil é amar o desafio e fazer dele uma história
Difícil é deixar escapar do acervo de palavras as palavras sinceras
É saber lidar com a sensação estranha de falar e sentir e viver essas palavras
Fácil é dizer-se apaixonado...